quinta-feira, 30 de março de 2017

Um dia após o outro

Hoje à tarde no Aldo Dapuzzo.

Os dias seguintes guardam os maiores desafios que o ser humano pode enfrentar. As glórias do passado sempre serão reverenciadas por aqueles que lutaram e as presenciaram, mas de nada seriam válidas se não houvesse continuidade. O futebol do Interior é assim representado e, cá entre nós, na intimidade destas linhas, que o São Paulo é a cara dele. Na noite de quarta-feira, 29 de março de 2017, o Leão enfrentara mais uma de suas batalhas para honrar o passado e garantir o futuro. Estádio lotado, torcida inflamada e algumas memórias pelas quais deixar o coração no gramado do Aldo Dapuzzo.

Recentemente, o Rubro-Verde foi assíduo na escrita da história. Desde 2012, na arrancada salvadora de 50 metros de Mateus, nos acréscimos de um 3x0 contra, para evitar o 4º gol do Juventude após Bruno Grassi ser driblado, até a estrela de Cleylton frente à falha do mesmo goleiro, adversário na última noite, foram longas madrugadas de cabeça dolorida e coração apertado. O elenco xavante era superior em 2013, mas crescemos; Toquinho e os “operários da manutenção” - único objetivo em 2014 - no máximo evitariam uma goleada frente ao Grêmio da Libertadores, mas vencemos; e apesar dos gols de voadora de Matão não terem sido suficientes em 2015, o joelho de Massari e a força do vento nos mantiveram em pé. Graças a gestão profissional, carregada de amor e paixão do então e atual “presidente-torcedor” Vítor Magalhães, do diretor de futebol Renan Mobarack, do vice Hugo Melo e equipe, o São Paulo já respirava melhor quando Alex Goiano fuzilou as dificuldades frente à Marcelo Grohe, em 2016, para virar o jogo e garantir mais uma vitória contra o Grêmio; mas vale citar, pois assim como nos cenários anteriores, uma carcterística prevaleceu: tivemos alma.

No último embate, quis o destino que o adversário fosse novamente o Grêmio. A responsabilidade de recuperar o prejuízo da má campanha e provar que a luta árdua para clarear o extra-campo não foi em vão, acompanharam o Rubro-Verde durante os dias que antecederam a batalha. A queda de Gilson Maciel, querido por todos, foi o sinal que faltava para acordar o Leão; e a equipe não poderia estar em mãos melhores: coube ao “xerife” Marcio Nunes, de zagueiro a treinador, manter o São Paulo na elite do Futebol Gaúcho. Até mesmo alguns (ditos) torcedores fiéis, desacreditaram e rebaixaram o São Paulo antes da hora - um pouco estranho, creio eu -, mas o ponto trazido de Veranópolis foi o primeiro passo para mudar esta história. Coitadinho seria o Mosqueteiro. A verdade é que a bola rolou desde o apito final no domingo anterior - nada surpreendente para uma equipe que preza tanto a atmosfera fora das quatro linhas.

Sendo assim, o apito inicial de Jean Pierre foi apenas simbólico. As boas atuações de Rafael Roballo, Leomir e, mais ainda, do autor do gol Cleylton, serviram como justiça à bons atletas que cometeram falhas, mas nunca desistiram. Rafael Pilões, duvidado por muitos, também mostrou que é sãopaulino de verdade em mais uma partida cheia de raça. Todos os atletas, incansáveis, devido ao excelente trabalho do preparador físico riograndino Taimar Marinho - o calendário apertado, ligado à longas viagens, exigiu um rendimento calculado em 110% na parte física; assim foi. E Marcio Nunes... bravo! Acompanhado do sábio Carlos "Passarinho" - uma verdadeira refinaria de grandes goleiros. Todos por Gilson, que foi embora, mas não por completo, deixando suplementação e oferecendo até mesmo o próprio material de treino, comprado com dinheiro do seu bolso, à disposição do clube - por essas e outras tantas, foi convidado especial, por videochamada, da festa no vestiário rubro-verde após o jogo. A transmissão em TV aberta foi justa, pois todos precisavam ver a nossa força. Quem foi ao estádio, foi privilegiado - que bom ter estado entre eles. E o Grêmio... foi apenas um coadjuvante. Precisava estar ali para, com sua tradição, agigantar ainda mais a vitória do Leão. Um clube de dirigentes apaixonados, comissão determinada, funcionários voluntários e uma torcida fanática: o São Paulo é assim. Singelo. E exatamente desta maneira, não cansa de provar que é GIGANTE.

Já dizia o ditado: “Nada como um dia após o outro...”

Lucas Martins

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

OPINIÃO: Por que ficar?

O maior pedido é o sim. E o segundo maior, o “talvez”. A pesquisa dos torcedores nas redes sociais mostra que, de fato, chegou a estação de mudar o foco e olhar para o extra campo. Parece um pouco tarde, é claro, já que um futebol levado a sério durante o ano inteiro é novidade pelos lados do Aldo Dapuzzo. E é assim mesmo que começamos: como é bom ver o Leão em campo em pleno mês de Outubro! Embora apenas uma ressalva diante desta introdução que busca preparar o leitor para a chuva que vêm a seguir, é impossível deixar de vibrar. Agora ponha a sua capa e pule para o próximo parágrafo.

Como o próprio Presidente diz, é melhor trabalharmos com fatos e dados. Seguindo essa linha de raciocínio, esquecemos os boatos de insatisfações internas no clube e as más intenções do popular grupo de parasitas que ronda a Linha do Parque sempre que o interesse geral é maior que o pessoal. Por vezes anônimos, por outras nem tanto. A intenção aqui é analisar o resultado. Muito além das 11 vitórias e dos 34 gols marcados, mas também a aprovação e conquista dos jogadores, junto a linha crescente no número de sócios.

No início da caminhada, a incerteza era realidade. O grupo de transição virou chapa oficial e a eleição foi favorável à renovação. O primeiro passo para a mudança começava com as boas heranças: algumas já existentes, outras em trâmite junto à antiga diretoria. Sim, é claro que falo de Domingos Escovar. Indiretamente, Vítor Magalhães foi ajudado através das melhorias criadas pelo presidente passado. Inclusive, durante o ano, este foi inúmeras vezes elogiado pelo atual mandatário do clube. Foi de lá que surgiu, em meio ao fraco poder financeiro, um garimpeiro de atletas bons e baratos: este é Renan Mobarack. Um diretor de futebol comprometido. Contagem regressiva; dada a largada.

Primeiro semestre, Gauchão. Apenas Gauchão. A luta contra o rebaixamento era disparada pela mídia como o maior objetivo do São Paulo. Hélio Vieira chegou e um perfil foi definido. “A partir de agora, o Rubro Verde tem uma cara” eram as palavras de uma diretoria focada na identidade do clube e de sua torcida. E sim, o Sampa é vencedor! A comissão escolheu os Leões, a torcida quebrou barreiras, protagonizou verdadeiras invasões e a Série D virou realidade. Derrubando o Grêmio em casa e intimidando o Inter em pleno Beira-Rio, o Rubro Verde cumpriu a verdadeira missão que o clube adotara no começo de Janeiro para buscar sucesso durante o Estadual. Sim, senhoras e senhores, 34 anos depois, Rio Grande pôde ver uma partida de futebol válida por um Campeonato Nacional. E o rebaixamento ficou distante. O Estado viu o São Paulo nas quartas de final.

Os bons resultados frente à dupla mostravam que, era possível buscar o protagonismo na competição que batia à porta. Com o time reforçado, e duas vitórias de largada, Tiago Nunes prometia uma revolução no modelo de jogo. Com o contrário em execução e a desclassificação logo na primeira fase, nem mesmo a Copinha serviu de consolo. Técnico demitido. A atitude da diretoria resultou na contratação de alguém mais simples e dedicado no objetivo de aproveitar a oportunidade. O final não foi dos melhores, mas a apatia foi embora. Vimos ação, e não omissão.

Hoje, os olhares retornam para o que acontece do alambrado para fora. Novamente assustam os interesses pessoais e o retrocesso que eles representam. Mais uma vez, o torcedor é quem sofre. O que mudou? O próprio lema diz: o Leão escolheu crescer. Crescer na gestão; crescer no pensamento; crescer na coragem! O trabalho foi executado com sucesso! Agora, é chegada a hora da continuidade. Esta, tanto discutida desde os primórdios da gestão. É o momento de dizer “sim”. A oportunidade de estufar o peito e gritar com orgulho: “Sou Rubro-Verde” por muito mais tempo. Que me desculpe a discordância, mas nenhum apoio ou preferência pessoal derruba os 3.278 caracteres deste texto. Aceitem. E aceite, Presidente. O São Paulo está em suas mãos.


Lucas dos Santos Martins

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Linhas de expressão

Sentadas uma ao lado da outra, jogando conversa fora e, por vez ou outra, soltando uma bela gargalhada. Pra quem vê, nem parece que estão em um jogo de futebol. A explicação pode partir de que a novidade ficou pra trás; elas já viram muito mais que dois ou três, mas rejuvenescem sua torcida a cada vez que o time entra em campo, fazendo daquela partida, o evento mais importante do final de semana. Com astral inconfundível, são torcedoras de verdade. Está escrito em suas linhas de expressão.

Na tarde de domingo, tudo estava diferente. Tudo mais próximo. Pelo frio e pela chuva, o torcedor foi compactado no pavilhão social do estádio. Como de praxe, a banda fez a festa do outro lado, sacudiu a poeira e embalou as ações ofensivas do time. O adepto mais contido se manifestava com discrição. Nas cabines, os jornalistas atentos em transmitir a emoção das quatro linhas para quem está em casa, ou na companhia do bom e velho radinho. Mas quem estava verdadeiramente em casa, eram elas: as senhoras do Leão, que promoviam ali no centro o que eu ouso chamar de “Chá do São Paulo” pela cadência de seus olhares.

Contra o ditado do “Quem não é visto, não é lembrado”, é impossível subir os degraus da arquibancada e não reparar no jeito pacato com que vibram a cada lance. Foi assim desde o início, quando Dudu Mandai resolveu testar seus corações frágeis com um chute forte em direção ao ângulo da goleira adversária. Não foi desta vez. Comentários depois, ele errou de novo, mas o Capitão apareceu e fez a felicidade do povo inteiro, marcando talvez só mais um dos tantos gols que elas já assistiram, mas é notável que hoje tudo está melhor no ambiente da Linha do Parque.

Já os enfeites, são ignorados, elas também apreciam o jogo objetivo e cultivam as características do interior. Falo do “Charmoso Gauchão” bem jogado, apesar de estarmos falando de uma partida válida pela já tradicional Copinha. Detalhe mal lembrado quando a bola cai no pé do nosso camisa 10. Athos encontra fácil o centro avante Jean Carlos, e assim nasce o segundo gol, brigado na pequena área pelo próprio Mandai, que completou de cabeça e ficou no chão. Sem demora, levantou e ergueu os dois braços ao melhor estilo “heróis do passado” - uma nostalgia diante à carência de ícones que vivenciamos atualmente. Por um momento, o goleador é o xodó das senhorinhas. Logo ele que já caçou até animais dentro de campo e elas viram tudo isso. Sobrou espaço até para rir bastante do massagista e seu Jiu-Jitsu mal apurado para tratar do atacante fora do gramado.

Em uma subida ou outra, o adversário é desconcentrado aos gritos de “perna de pau” e zoações deste tipo, assim como o juiz principal, sua mãe e os alguns quilos de gel fixador nos cabelos do quarto árbitro. As defesas do goleiro, as opções de mudança do treinador... Nada escapava do olho clínico e já experiente daquelas senhoras. Um café no intervalo, a volta para o segundo tempo e até mesmo as tentativas frustradas de ampliar o placar, não tiraram o sorriso do rosto daquelas pessoas. O dia estava cinza, mas o placar era bonito demais para desanimar. Apito final, vitória, liderança momentânea e ainda mais alegria.

Diante de tantas observações, a velhice nos apresenta, por um momento, a recusa de um olhar negativo, deixando a impressão da verdadeira juventude: aquela que é vivida pela sua essência, e não apenas pelos seus benefícios físicos e mentais. Junto à única certeza da vida, abro parênteses: sentiremos falta quando a roda de amigas não mais estiver por ali, representando com fidelidade exemplar as cores do Centenário Sport Club São Paulo. Não fecho parênteses.


Lucas dos Santos Martins
dg.lucasmartins@gmail.com


Obs.: Nenhuma ocasião melhor para salientar a presença de uma camisa do Juventude entre as cores rubro-verdes. A parceria entre torcidas organizadas é uma grande arma para a pacificação nos estádios. Contribua para isto!

domingo, 20 de março de 2016

Athos brilha, arbitragem falha e São Paulo empata contra o Passo Fundo

Em jogo inspirado do camisa 10 rubro-verde, o Leão dominou a maior parte da partida, até que Jean Pierre Lima marcou um pênalti inexistente a favor dos visitantes. O Passo Fundo cresceu e garantiu o empate em 2x2.

A chuva viria para lavar a alma do torcedor, mas na noite deste domingo foi a paciência dos adeptos quem escorreu através da má atuação de Jean Pierre Lima. O Aldo Dapuzzo recebeu um grande público para as condições climáticas, muitos guarda-chuvas eram vistos nas arquibancadas e o grito saia da garganta da Organizada durante o tempo inteiro. O São Paulo buscava garantir ainda mais sua permanência no G4 da competição, contando com resultados paralelos favoráveis. Já o Passo Fundo, subir ainda mais dentro da zona de classificação para a próxima fase.

Desde o início do jogo, o Leão trabalhava a bola com qualidade. A aproximação entre a linha de defesa e o armador Thiago Correa, e a facilidade para acionar os laterais através de triangulações assimétricas eram as principais características da obediente equipe de Hélio Vieira. Julio Abu, retornando de lesão, foi quem teve a primeira chance. O camisa 7 recebeu pela ponta esquerda e costurou a defesa adversária, abrindo espaço para o chute que passou próximo ao travessão, assustando o goleiro Matheus. Mais tarde, foi a vez de Raulen chamar a responsabilidade. Pegou rebote e, em um corte seco, se livrou de dois marcadores, finalizando colocado de perna esquerda. A bola caprichosamente parou no pé da trave.

A partir daí, o Passo Fundo começou a gostar do jogo e obrigou Deivity a fazer defesas técnicas para superar a velocidade que o campo molhado dava à bola. Mesmo assim, o Leão foi mortal mais uma vez. Em contra ataque rápido, Rafael Pilões caiu pela esquerda, carregou para o fundo do campo e cruzou perfeitamente para Ele: Athos entrou por trás da marcação e finalizou com precisão, assinando como quem sabe e correndo para o abraço. Era o gol da consagração do bom futebol apresentado até então pelo Rubro-Verde. São Paulo 1 a 0.

Com o jogo morno do final do primeiro tempo, a postura das equipes ameaçou sofrer mudanças ao início da segunda etapa, mas a chuva não foi suficiente pra levar embora o ímpeto agressivo do Leão. Em jogada trabalhada, iniciada por Thiago Correa, Julio Abu recebeu mais uma vez pela esquerda e cruzou a medida para Ele: Athos rasgou a área adversária e cabeceou colocado para ampliar o placar e orgulhar os presentes com uma atuação digna de seu nome e sua carreira. São Paulo 2 a 0.



O Leão empolgava com uma atuação dinâmica no meio de campo e uma ligação precisa com os atacantes, o que não foi suficiente para enfrentar as piores marcações da noite: as da arbitragem. Em jogada de ataque dos visitantes, Deivity saiu do gol e atingiu a bola, juntamente com o jogador do Passo Fundo. Jean Pierre de Lima apontou a marca do pênalti e mostrou o segundo cartão amarelo para o goleiro do São Paulo. Com a expulsão, Athos deu lugar a Ricardo Vilar, goleiro consagrado na campanha do Leão no Gauchão 2016. A torcida, em coro alto, gritou o nome do goleiro, mas João Carlos cobrou cruzado e deslocou o arqueiro rubro-verde. São Paulo 2, Passo Fundo 1.

O cenário do jogo sofreu uma reviravolta com a expulsão de Deivity. O São Paulo era quem se postava defensivamente, com o Passo Fundo buscando os espaços deixados pelo atleta a menos do mandande. Porém, não por muito tempo. O volante Nata fez falta na zona de meio campo e também foi autuado com o segundo amarelo: expulso o ex-jogador sãopaulino. Com 10 jogadores para cada lado, em teoria, a partida iria seguir com o controle por parte do Leão. Porém, bastou um lance de ataque pela esquerda, para o contra ataque resultar em escanteio para o Passo Fundo. Na cobrança, Leo Kanu subiu na primeira trave e desviou para o fundo das redes, empatando a partida. São Paulo 2, Passo Fundo também 2.

Com o jogo empatado, o Passo Fundo diminuiu a incisão de seus ataques, equilibrando a partida. O São Paulo, por sua vez, chegava ao ataque para tentar a vitória em seus domínios. Em uma dessas chegadas, Julio Abu cruzou rasteiro pela esquerda e Guto Drecsh dominou, pôs à frente e foi tocado. O camisa 11 rubro-verde persistiu no lance, mesmo desequilibrado, porém não conseguiu completar a jogada, permanecendo instável. A arbitragem mandou o jogo seguir, para delírio dos presentes no Aldo Dapuzzo.

Ainda assim, o Leão tentava mais um gol, embora deixasse espaços. Com o jogo aberto, oportunidades apareceram para os dois lados. Vilar fez grande defesa em conclusão de Hiantony, que já estava em posição irregular. Impedimento marcado. Pouco depois, foi a vez de Julio Abu driblar o marcador na entrada da área e finalizar de perna esquerda. Matheus defendeu de mão trocada, segurando firme em dois tempos.


Aos 44 minutos, Jean Pierre de Lima assinalou 8 minutos de acréscimos, que foram disputados do início ao fim, literalmente. Aos 52 minutos, após cruzamento que passou por todo mundo, Raulen emendou com força na direção de Matheus. O goleiro do Passo Fundo pegou firme, sem dar rebote. Sem mais delongas, o árbitro pôs fim no jogo e o placar permaneceu em São Paulo 2, Passo Fundo também 2.

Com o resultado, o São Paulo permanece na 4ª colocação, recuperando a posição ocupada pelo Internacional por menos de duas horas. O Leão tem 17 pontos. No próximo domingo, às 16h, a missão Rubro-Verde é na região metropolitana da Capital, contra o Cruzeiro. O Passo Fundo marca o 6º lugar, com 16 pontos, e viaja até Vacaria para encarar o Glória.


Lucas dos Santos Martins
Graduando em Jornalismo
Universidade Federal de Pelotas

segunda-feira, 14 de março de 2016

De Gigante, só o São Paulo: 1x1 com gosto de vitória na Capital

“O Beira-Rio virou o Dapuzzão” foi o grito da torcida após empate por 1x1 que levou a alma rubro-verde à Capital Riograndense.

Pouco mais de 600 pagantes fizeram a festa Rubro-Verde no Beira Rio. (Foto: Lucas Martins)

A comoção da semana inteira valeu a pena e foi refletida na presença de campo da torcida, e dos jogadores. Neste domingo, o São Paulo teve um grande desafio em Porto Alegre pela nona rodada do Gauchão e respondeu positivamente. Levou para campo a carga de duas derrotas consecutivas e uma desacreditada missão de parar o todo poderoso Celeiro de Ases, com a juventude predominando a escalação. Porém, um de seus melhores agentes não estava disponível para buscar o objetivo. Sem Julio Abu, o poder ofensivo era menor, mas o Leão soube superar.

Desde o início, as duas equipes mantiveram suas posturas de maneira disciplinada. O Internacional comandava as ações e o São Paulo era agressivo com duas linhas de quatro e bastante amplitude na marcação. Porém, logo aos seis minutos, o chute de Vitinho desviou na defesa e sobrou para Eduardo Sasha, inteligente ao se movimentar na projeção do rebote, marcar o primeiro. A reclamação em cima da assistente Luiza Reis não procedeu após a confirmação de posição legal do atacante colorado.

Normalmente, o São Paulo começou a ter suas primeiras oportunidades de trocar passes, mas sem sucesso na busca por espaço. O Inter, por sua vez, era mortal nos contra ataques, mas pecava nas finalizações. Foram duas chegadas e nenhum chute na direção do gol defendido por Deivity, não muito exigido durante os 90 minutos. O destaque da partida vestia vermelho e branco: Fabinho foi a surpresa positiva pelo lado do Inter, atuante em todos os setores do campo, quem diga, à lá Yaya Touré – volante costa marfinense do inglês Manchester City.

No segundo tempo, o posicionamento dos jogadores colorados foi se modificando, com Artur “espetado” pelo lado esquerdo, em uma virtude do técnico Argel Fucks para cansar a linha de frente Rubro Verde. Ciente disso, Helio Vieira tirou Athos e Rafael Pilões, para colocar Guto e Diego Sapata. Já o Inter, aproveitou a chance e pôs Alex no lugar de Andrigo, para qualificar o passe final e tentar matar a partida. Porém, quem teve a chance e aproveitou com maestria foi o São Paulo. Aos 29 minutos, após bola mal afastada, Romano teve liberdade pela esquerda e tabelou com Guto Dresch, que driblou o marcador e devolveu para o lateral. Ele fez fila e cruzou na cabeça de Cidinho, bem colocado, explodir a ferradura, digo, a superior do Beira Rio e correr pro abraço.

O empate fez Argel agir, colocando o atacante Marquinhos no lugar do lateral William. Faíska reforçou o meio campo do Leão entrando no lugar de Thiago Correa. Foi aí que o lance mais bonito da partida saiu dos pés colorados provenientes da Linha do Parque. Fabinho começou a jogada com um chapéu em Romano, pedalou pra cima da cobertura e cruzou rasteiro e Ele recebeu. Você já sabe de quem estou falando. Aylon tratou com carinho a bola, e os torcedores, tanto colorados, quanto rubro-verdes. Aylon tratou com carinho os olhos de Deivity, que viu de perto a bicicleta do atacante parar na trave e, caprichosamente, passar às suas costas, em frente a linha do gol, terminando no alívio de Fernando Pinto. Já era hora de terminar. Fim de jogo: Internacional 1, São Paulo de Rio Grande, de Veranópolis, de Erechim, de Porto Alegre... também 1.

Com o resultado, São Paulo e Internacional permanecem na quarta e quinta posição, respectivamente. O próximo duelo do Leão é no próximo final de semana, em casa, contra o Passo Fundo. Chegou a hora de mostrar pra todos que o São Paulo escolheu crescer. Pegue sua camisa, vá ao estádio e prepare seus pés para permanecer de pé os 90 minutos, cantando e incentivando o representante Riograndino na elite do Futebol Gaúcho.



Lucas dos Santos Martins
Graduando em Jornalismo
Universidade Federal de Pelotas

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Deu Xavante! Brasil vence o São Paulo no maior clássico do Interior

A primeira vitória do Brasil de Pelotas na competição, foi marcada por diversas confusões e um jogo de muitas bolas paradas. A experiência da equipe Xavante foi crucial para segurar o Leão e sua sequência de 5 vitórias consecutivas.

Defesa Xavante garantiu a segurança da meta defendida por Eduardo Martini. (Foto: Daniel Correa)

Não foi uma noite das melhores para quem saiu de casa e tomou como destino a Linha do Parque. Na bela noite deste sábado, os presentes viram um jogo truncado no meio de campo e sem grandes destaques para os lados de São Paulo e Brasil de Pelotas. Porém, a sétima rodada do Gauchão foi diferente para o torcedor que acompanha as duas equipes desde o início da competição. O sinal de alerta que estava ligado para o lado do Leão, devido a grande sequência de vitórias, era o mesmo que atormentava o Rubro-Negro, com a de empates. E o patamar da partida se encaminhava para o fator decisivo: o detalhe.

As arquibancadas do Aldo Dapuzzo lotaram logo cedo, antes mesmo das equipes entrarem em campo para o aquecimento. Aos poucos, torcedores Xavantes também ocuparam quase totalmente o setor 10 da ferradura, que é destinado para a torcida visitante. Logo mais, a parte são paulina foi complementada com a chegada da Mancha Rubro Verde e sua bateria.

Com a bola rolando, o equilíbrio era evidente no meio de campo, mas era o Brasil quem tomava as ações ofensivas. Desde o começo da partida, o goleiro Deivity foi bastante exigido, mas correspondendo bem às tentativas Xavantes. O paredão rubro-verde salvou o São Paulo em pelo menos duas oportunidades claras. O Leão, por sua vez, chegava raramente e não assustava a meta defendida por Eduardo Martini. Mantendo o patamar durante toda a primeira etapa, o rubro-negro continuou assustando em mais dois lances de bate e rebate dentro da área. O perigo rondava o setor defensivo do Sampa. Assim terminou o primeiro tempo.

Leandro Leite (ao centro) foi o destaque do Brasil.
(Foto: Daniel Correa)
Após o intervalo, não foi diferente. O Brasil seguiu mais incisivo que o São Paulo, até que, aos 6 minutos, após nova confusão na área, Felipe Garcia pegou firme e abriu a contagem no Aldo Dapuzzo, para a festa dos torcedores Xavantes. Helio Vieira não titubeou e pôs Alex Goiano no lugar de Athos, que refletia a equipe, sem estar nos melhores dias. Entretanto, nada mudou. O rubro-negro seguia levando plena vantagem nas ações do meio campo. Leandro Leite foi um monstro! Aos 24, Nena teve a chance de marcar o segundo, mas Deivity, gigante, salvou com classe. Logo após, o centro avante Xavante foi substituído pelo experiente Gustavo Papa, que decidiu. Aos 38 minutos, Ramon fez bela jogada pela esquerda e cruzou, Papa desviou pras redes e ampliou o marcador. Brasil 2x0.


Gustavo Papa foi do céu ao inferno em menos de 10 minutos.
 (Foto: Daniel Correa)
Porém, quando tudo se encaminhava para a decisão, os Deuses do Futebol lembraram que não se tratava apenas de um clássico, mas do maior do clássico do forte Interior Gaúcho, e agiram. 5 minutos depois, Alex Goiano pegou sobra de cruzamento e bateu convicto para diminuir o marcador e explodir o Aldo Dapuzzo, que já esvaziava. A polêmica no lance se fez por um pedido de fair play partindo do Brasil, ao São Paulo. Eduardo Martini caiu sem sinais de contusão e já havia retardado o início da partida em diversos lances de bola parada. A cobrança do lateral foi feita em direção a área e o gol foi marcado. Logo após, Gustavo Papa passou por cima de toda sua experiência e agrediu um adversário: foi expulso. Instantes depois, foi a vez de Marcos Paraná se exaltar e ir pra rua.

Mesmo com dois jogadores a mais, o São Paulo não teve mais tempo para reagir e o Xavante, justamente, saiu vencedor.
Fim de jogo, Brasil 2, São Paulo 1.

Após o término da partida, um incidente envolvendo as duas equipes foi registrado no túnel de acesso aos vestiários. Segundo testemunhas, uma provocação partiu de um dos lados e o tempo fechou. A polícia militar fez uso do spray de pimenta para dispersar quem por ali estava, atingindo, inclusive, quem não participava da confusão. Entre os que sofreram com o efeito do produto, esteve uma gandula e o colega, autor da Interior Mais Forte, Ilgner Vahl.

Com sua primeira vitória, o Rubro-Negro entra na zona de classificação, chegando aos 8 pontos. Na próxima rodada, encara o Juventude no estádio Bento Freitas. A partida acontece no domingo, dia 6, às 16 horas. Já o Rubro-Verde, tem um forte desafio na zona norte do estado. O adversário é o Ypiranga de Erechim, do técnico Leocir Dall'astra. O jogo começa às 17 horas, também do próximo domingo, e o Leão chega para o confronto na quarta colocação do campeonato, com 15 pontos.


Lucas dos Santos Martins
Graduando em Jornalismo
Universidade Federal de Pelotas

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Leão de Judá: São Paulo vence o Grêmio, em partida heroica

Eu passei a noite procurando palavras para descrever o que foi visto no estádio Aldo Dapuzzo, nesta quarta feira. Realmente, foi muito difícil encontrar argumentos convincentes que, de alguma maneira, pudessem explicar o jogo sensacional que aconteceu em Rio Grande. Depois dessa breve introdução, começo minha matéria. 

O jogo entre São Paulo e Grêmio era visto por muitos (incluindo o técnico do São Paulo, Hélio Vieira) como uma luta entre Davi e Golias. Esse fato bíblico é atribuído a qualquer situação onde existe um embate entre o mais forte e o mais fraco. Apenas um milagre poderia ajudar aquele que era menos favorecido. Foi o que aconteceu na história, quando Davi venceu Golias. Porém, para fugir dos clichês, trago outra história. História de um descendente de Davi, conhecido como o Leão de Judá (esse termo é uma metáfora atribuída ao Messias, o salvador de todos). Contarei essa história, através dos lances capitais do jogo. 

O São Paulo entrou em campo embalado pela sua torcida, que lotou o estádio Aldo Dapuzzo, confiante em mais uma vitória do Leão. O adversário, no entanto, era o poderoso Grêmio que buscava afirmação no Gauchão. Os dois clubes tinham o mesmo número de pontos, fator que aumentava ainda mais a importância do jogo. Quem vencesse encostaria de vez nos líderes São José e Juventude. Aí começa trajetória do nosso Leão de Judá... 

Em uma bola respingada na área, o zagueiro gremista, Pedro Geromel ajeitou a bola para, o outro zagueiro, Fred chegar chutando, abrindo o marcador para o Grêmio. Como todo Messias, o São Paulo teria que lidar com adversidades, com situações indesejadas. Era a primeira vez que o Leão saía perdendo dentro de seus comandos, nesse campeonato. Como lidaria o nosso Leão, com essa situação? Para a alegria da torcida, da forma mais rápida possível. Após bate e rebate dentro da área, a bola sobrou para Thiago Corrêa pegar de primeira e mandar para o fundo das redes de Marcelo Grohe, Era o empate do São Paulo. Era a redenção do Leão. 

Thiago Corrêa comemorando seu gol. (Foto do ge.com)


No entanto, quanto mais se quer provar o seu valor, mais dúvidas aparecem. Mais adversidades cruzam o seu caminho. Mais provações teriam que ser vencidas. Logo no início do segundo tempo, após boa tabela de Everton com Lincoln, a bola foi lançada para Luan, que tentou duas vez, até marcar o segundo gol do Grêmio, colocando, novamente, a equipe tricolor na frente do placar. 

Apesar de todas essas adversidades, quem tem fé, em alguma coisa, acredita no impossível. O Leão de Judá é uma entidade do impossível. Um de seus agentes, digo, jogadores, fez com que o impossível se torna-se realidade, trazendo de volta a explosão para a Linha do Parque. Julio Abu, foi para a cobrança de escanteio. Depois de autorizado, o jogador rubro-verde bateu fechado e marcou um belo gol. Um gol olímpico. Um gol impossível. Impossível de não se emocionar. Era o empate do São Paulo. Era o fogo que o caldeirão rubro-verde precisava para esquentar de vez. 

Logo em seguida, o Leão de Judá mostrou porque é santo. Mostrou através de uma surpresa boa, tanto para nós torcedores, como para Goiano. O jogador recém havia entrado em campo quando, menos de um minuto depois, após Anderson finalizar e Grohe dar rebote, a bola sobrou para ele que mandou um canudo para balançar as redes e balançar ainda mais o Aldo Dapuzzo. O São Paulo virou o jogo de forma sensacional. De uma forma que nenhum conto poderia descrever.

E, assim, terminou o jogo. Vitória rubro-verde pelo placar de 3 a 2. Com a quinta vitória seguida, o São Paulo chegou aos 15 pontos, subindo para a terceira colocação na tabela, do Campeonato Gaúcho. A trajetória do Leão de Judá, no entanto, ainda não acabou. Mais provações virão pela frente. Mais desafios terão que ser vencidos. O próximo deles será contra o Brasil de Pelotas, em casa. No santuário rubro-verde. Local onde seus sempre fiéis torcedores estão acostumados a ver o seu Leão fazer milagres e realizar grandes façanhas. Mas não se enganem, senhores adversários. No Aldo Dapuzzo, na frente da sua torcida, o São Paulo não só faz milagres, como também não perdoa. O Leão não perdoa ninguém! 





Ilgner Vahl
Graduando em Letras - Português
FURG