quinta-feira, 30 de março de 2017

Um dia após o outro

Hoje à tarde no Aldo Dapuzzo.

Os dias seguintes guardam os maiores desafios que o ser humano pode enfrentar. As glórias do passado sempre serão reverenciadas por aqueles que lutaram e as presenciaram, mas de nada seriam válidas se não houvesse continuidade. O futebol do Interior é assim representado e, cá entre nós, na intimidade destas linhas, que o São Paulo é a cara dele. Na noite de quarta-feira, 29 de março de 2017, o Leão enfrentara mais uma de suas batalhas para honrar o passado e garantir o futuro. Estádio lotado, torcida inflamada e algumas memórias pelas quais deixar o coração no gramado do Aldo Dapuzzo.

Recentemente, o Rubro-Verde foi assíduo na escrita da história. Desde 2012, na arrancada salvadora de 50 metros de Mateus, nos acréscimos de um 3x0 contra, para evitar o 4º gol do Juventude após Bruno Grassi ser driblado, até a estrela de Cleylton frente à falha do mesmo goleiro, adversário na última noite, foram longas madrugadas de cabeça dolorida e coração apertado. O elenco xavante era superior em 2013, mas crescemos; Toquinho e os “operários da manutenção” - único objetivo em 2014 - no máximo evitariam uma goleada frente ao Grêmio da Libertadores, mas vencemos; e apesar dos gols de voadora de Matão não terem sido suficientes em 2015, o joelho de Massari e a força do vento nos mantiveram em pé. Graças a gestão profissional, carregada de amor e paixão do então e atual “presidente-torcedor” Vítor Magalhães, do diretor de futebol Renan Mobarack, do vice Hugo Melo e equipe, o São Paulo já respirava melhor quando Alex Goiano fuzilou as dificuldades frente à Marcelo Grohe, em 2016, para virar o jogo e garantir mais uma vitória contra o Grêmio; mas vale citar, pois assim como nos cenários anteriores, uma carcterística prevaleceu: tivemos alma.

No último embate, quis o destino que o adversário fosse novamente o Grêmio. A responsabilidade de recuperar o prejuízo da má campanha e provar que a luta árdua para clarear o extra-campo não foi em vão, acompanharam o Rubro-Verde durante os dias que antecederam a batalha. A queda de Gilson Maciel, querido por todos, foi o sinal que faltava para acordar o Leão; e a equipe não poderia estar em mãos melhores: coube ao “xerife” Marcio Nunes, de zagueiro a treinador, manter o São Paulo na elite do Futebol Gaúcho. Até mesmo alguns (ditos) torcedores fiéis, desacreditaram e rebaixaram o São Paulo antes da hora - um pouco estranho, creio eu -, mas o ponto trazido de Veranópolis foi o primeiro passo para mudar esta história. Coitadinho seria o Mosqueteiro. A verdade é que a bola rolou desde o apito final no domingo anterior - nada surpreendente para uma equipe que preza tanto a atmosfera fora das quatro linhas.

Sendo assim, o apito inicial de Jean Pierre foi apenas simbólico. As boas atuações de Rafael Roballo, Leomir e, mais ainda, do autor do gol Cleylton, serviram como justiça à bons atletas que cometeram falhas, mas nunca desistiram. Rafael Pilões, duvidado por muitos, também mostrou que é sãopaulino de verdade em mais uma partida cheia de raça. Todos os atletas, incansáveis, devido ao excelente trabalho do preparador físico riograndino Taimar Marinho - o calendário apertado, ligado à longas viagens, exigiu um rendimento calculado em 110% na parte física; assim foi. E Marcio Nunes... bravo! Acompanhado do sábio Carlos "Passarinho" - uma verdadeira refinaria de grandes goleiros. Todos por Gilson, que foi embora, mas não por completo, deixando suplementação e oferecendo até mesmo o próprio material de treino, comprado com dinheiro do seu bolso, à disposição do clube - por essas e outras tantas, foi convidado especial, por videochamada, da festa no vestiário rubro-verde após o jogo. A transmissão em TV aberta foi justa, pois todos precisavam ver a nossa força. Quem foi ao estádio, foi privilegiado - que bom ter estado entre eles. E o Grêmio... foi apenas um coadjuvante. Precisava estar ali para, com sua tradição, agigantar ainda mais a vitória do Leão. Um clube de dirigentes apaixonados, comissão determinada, funcionários voluntários e uma torcida fanática: o São Paulo é assim. Singelo. E exatamente desta maneira, não cansa de provar que é GIGANTE.

Já dizia o ditado: “Nada como um dia após o outro...”

Lucas Martins

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