segunda-feira, 15 de junho de 2015

CRESCIMENTO DO INTERIOR: Hélio Vieira

Na última reportagem da série Crescimento do Interior, o escolhido foi Hélio Vieira, que salvou o São Paulo do rebaixamento no Gauchão 2015. Ele nos contou as dificuldades e diferenças entre os clubes do nosso futebol.

Heroi: talvez assim deva ser tratado Hélio Vieira no Sul do Estado. Após mais uma campanha de luta contra o rebaixamento do Sport Club São Paulo, o treinador saiu como a solução para os problemas que a equipe enfrentava: assumiu há três rodadas do fim e garantiu a permanência do Leão na elite do Futebol Gaúcho. Assim como em outras ocasiões, Hélio enfrentou dificuldades estruturais e de gestão na chegada ao clube riograndino e que contou-nos os principais fatores que dificultam e distanciam alguns clubes de outros, dentro do mesmo contexto.

Hélio Vieira resgatou o São Paulo/RS no Gauchão 2015.
(Foto: Porthus Junior/Agência RBS)
Inicialmente, priorizou o foco nos empecilhos existentes para erguer uma equipe do Interior. Hélio, experiente, foi preciso naquilo que é evidente, detalhando a teoria do não crescimento: “A grande maioria dos clubes do Interior Gaúcho têm deficiências enormes em diversos sentidos. São estádios com gramados em péssimas condições, acomodações sem conforto para o público, acessos que deixam a desejar e uma série de fatores que desestimulam o torcedor a marcar presença no estádio”. Outro ponto fundamental tratado pelo treinador foi a falta de investimento nos clubes daqui, o que dificulta, e muito, o desenvolvimento geral das equipes: “É um círculo vicioso: Não cresce porque não investe, e não investe porque não tem recursos”.

Acostumado com desafios, o pelotense – que no início da década de 1990 foi treinado por Luiz Felipe Scolari, no Brasil/PEL – já passou por diversos clubes da Região Sul do Brasil e, inclusive, alguns do continente asiático. Sendo assim, é conhecedor de diversos métodos de organização do calendário das equipes e também leva o mesmo, na maioria das vezes, como vilão na história: “O calendário oferecido aos ditos pequenos também dificulta. Ao mesmo tempo em que os “grandes” disputam campeonatos nacionais e continentais, os “menores” jogam Copinhas sem nenhum atrativo para torcedores, imprensa e muitas vezes servindo apenas para onerar os clubes”.

Mudando o foco, Hélio citou o ponto alto da entrevista: o porquê de certos clubes do Interior largarem na frente no quesito crescimento, perante alguns outros. O treinador entende que a principal deficiência é referente às gestões dos mesmos: “Equipes com um modelo profissional estão alguns passos à frente. Estabelecer objetivos e eleger prioridades faz com que existam metas claras a alcançar. Particularmente, entendo como fundamental a escolha do perfil dos profissionais. Uma avaliação rigorosa minimiza o risco de erro. A partir daí, é continuidade”.

Hélio também ressaltou a publicidade envolvida nos clubes do Interior – ou a falta dela – levando em conta a visibilidade dada aos clubes locais: “Outro fator complicador para os pequenos é a disparidade da exposição na mídia. O potencial torcedor é praticamente empurrado na direção dos maiores”.

Por fim, fez um adendo em relação ao trabalho de base, alinhado à gestão contínua nos clubes: “A fórmula é um trabalho integrado entre a base e o profissional, priorizando a formação dos atletas e deixando de lado o resultado imediato, assim como nos grandes clubes por todo o mundo. A formação de atletas, num segundo momento, é um grande gerador de recursos” e com autoridade, completou: “A história nos mostra que sequência de trabalho, geralmente, vem acompanhada de êxitos”.

Lucas dos Santos Martins
Graduando em Jornalismo
Universidade Federal de Pelotas

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