quarta-feira, 16 de setembro de 2015

1º Fórum Gaúcho de Futebol - Resumo #2

Dando continuidade aos resumos dos debates ocorridos no 1º Fórum Gaúcho de Futebol, trazemos para você tudo sobre as discussões de Plano de Carreira, Multidisciplinaridade e Marketing. O conteúdo segue abaixo.

Debate sobre marketing encerrou o evento. (Foto: Lucas Martins)

Plano de Carreira

O segundo debate do segundo dia do 1º Fórum Gaúcho de Futebol foi sobre “Plano de Carreira de Atletas – “Futebol é profissão””. Caracterizado pela descontração, foi protagonizado por quatro ex-atletas: Géverton Duarte (Ex-atleta, treinador e comentarista esportivo), Rudi Machado (Ex-atleta e treinador de futebol), Everton Costa (Ex-atleta de futebol) e Aloísio Pires (Ex-atleta de futebol), este participando pela segunda vez do evento.

A primeira pergunta tratou diretamente do momento de aposentadoria do atleta, mais precisamente, se o mesmo haveria se preparado para parar de jogar. Everton Costa foi o primeiro a responder, dizendo que não se preparou, deixando para estudar apenas depois dos 30 anos: “Hoje, vejo que era importante” – Everton tem um problema grave no coração, por isso precisou parar. Mesmo assim, falou que se sente satisfeito pelo que fez durante a carreira e com o fruto de seu trabalho. Concluindo, cita um momento de fraqueza após o diagnóstico do problema de saúde: “Fiquei duas semanas sem querer ver ninguém, a depressão me pegou e só não foi pior pelo apoio de amigos e família”. Descontraído, Géverton pede aos fotógrafos para capricharem no “Photoshop” e diz que não planejou sua aposentadoria, assim como Aloísio que disse ter passado por um momento de reflexão própria. Rudi completa a primeira resposta relatando que foi privilegiado por ter pensado no futuro antes de parar.

Membros da mesa debatem Plano de Carreira. (Foto: Lucas Martins)

Passando para a segunda pergunta, o tema debatido foi o incentivo, ou não, dos clubes aos atletas, para um preparo prévio à aposentadoria. Aloísio abre as respostas sendo direto: “Não, como disse anteriormente, foi pessoal”. Ainda assim, completa dizendo que poderia ter continuado por mais um ano, mas que preferiu parar. Everton Costa diz que, em seu caso, não foi diferente: “Nos clubes que passei, nunca fui orientado, havia um risco e levei minha família em primeiro lugar”. E concluí, sabiamente: “Nem todos têm a oportunidade de morrer e viver novamente Deus me deu uma nova chance”. Nesse momento, Everton é potencialmente aplaudido pelos presentes. Dando continuidade, Rudi Machado explica sua carreira: “Sou de São José do Norte, lá só há amador e joguei nessa categoria até os 24 anos, quando fui chamado para atuar no São Paulo/RS”. Falando em números, continua: “Joguei, fui capitão e completei 100 jogos nos três clubes de maior torcida da região Sul, o São Paulo, o Brasil/Pel e o Pelotas, então alguns dirigentes que me apoiaram, disseram que eu tinha potencial para ser treinador”. Géverton completa rapidamente: “Tive apoio, mas não aproveitei; hoje sinto falta”.

Seguindo adiante, o assunto da terceira pergunta foi as mudanças nas relações sociais após o término da carreira. Assim como na primeira pergunta, Everton Costa toma a frente e diz: “Muda um pouco, pois agora tenho mais tempo para minha família. A fama cai um pouco, mas eu tive pé no chão; do contrário, se perde tudo”. Aloísio foca na mídia, embora se diga tímido: “É preciso estar preparado para quando não for mais reconhecido”. E completa, humildemente: “Somos todos humanos, a vida continua além do portão do estádio”. Géverton o interrompe e faz destaque a uma homenagem à Aloísio no aeroporto de Porto. Este frisa que também é lembrado no museu do Porto e nos “11 melhores” de todos os tempos na mesma equipe. Rudi diz que não mudou muito, por continuar em atividade no meio do futebol, mas que possui mais tempo pra família. Por fim, sempre bem humorado, Géverton diz que parou de jogar e perdeu a mulher, mas em seguida entrou para a imprensa: “As relações sociais me abriram portas importantes”. Complementando, discursa: “Devemos tratar todos da mesma maneira, só assim chegamos a algum lugar”.

Bola da UEFA Champions League foi sorteada para os presentes. (Foto: Lucas Martins)

Mais além, a quarta pergunta pediu aos debatedores que citassem um orgulho e uma frustração que tiveram em suas carreiras. Rudi começou dizendo que não há maior mérito para ele do que ter sido jogador. Por outro lado, desabafa: “Joguei uma partida pelo Pelotas na qual entrei anestesiado em campo, na ida e na volta, tinha um problema no menisco. Não dava nem pra chutar a bola, mas mesmo assim fui pra Santa Maria jogar a outra partida, saindo no intervalo e vendo o jogador que eu marcava fazer o gol no primeiro lance do segundo tempo. A torcida me criticou e os dirigentes não fizeram questão de dizer a verdade sobre o motivo da minha saída”. Everton repete o “orgulho de ter sido jogador, realizando um sonho depois de muitos anos atravessando São Paulo para treinar”. Também enfatiza os títulos de campeão e vice da Copa Libertadores da América. Completando, diz que sua maior frustração foi parar de jogar antes do previsto, mas que confia em Deus. Aloísio diz que seu maior orgulho foi ter vencido o Sul-Americano sub-20 e o Mundial da mesma categoria com a Seleção Brasileira. Sua maior frustração foi ser trocado de posição contra a vontade própria e, por isso, ter falhado em dois gols numa partida válida pelas quartas de final da UEFA Champions League. O jogo terminou em 3x1 para a equipe espanhola. Por fim, Géverton é breve e fala que seu maior orgulho é passar para as pessoas, todas as suas vivências. Por outro lado, sua maior frustração é passar pouco tempo com os filhos e – em tom de brincadeira – estar desempregado.

Sobre planos para o futuro, a quinta pergunta fechou as definidas por protocolo. Rudi foi quem começou, ele disse que “no interior é difícil, mas que aposta em um projeto social em São José do Norte para tirar crianças da rua” – em alguns dias, a Interior Mais Forte vai trazer uma matéria sobre isso para você. Everton diz que pretende continuar estudando, fazendo cursos sobre gestão de futebol e se formar em educação física: “Assim me adapto para trabalhar com qualidade”. Aloísio destaca 2 anos e meio de trabalho com José Mourinho e diz que tem vontade continuar como treinador, senão, ser comentarista de rádio. Atualmente, é sócio investidor em uma empresa de Porto Alegre.

Mediador Géverton Duarte entrega o certificado do evento aos debatedores. (Foto: Lucas Martins)

Partindo para as perguntas do público, o assunto pautado foi o plano de Base do F.C. Porto/POR, comparado à formação de Aloísio. O mesmo começa dizendo que “há funções que devem ser mais bem remuneradas”. Recentemente, o Porto contratou um profissional holandês para tratar dos garotos na faixa etária de 4 a 8 anos, sendo pago a “peso de ouro”. Ele ainda afirma ser um investimento para um ótimo trabalho. Continuando, Aloísio diz que de uns tempos para cá, ocorreram mudanças no clube devido à falta de jogadores locais no elenco principal: “Hoje, ex-jogadores integram as comissões e isso ajuda na melhora do desempenho”. Outro fator importante é a cobrança do estudo para que o jovem possa atuar nas atividades do clube. Por fim, Géverton abre passagem para o lado humano e pede que “acreditem nas categorias de base”.

Multidisciplinaridade

O penúltimo debate do 1º Fórum Gaúcho de Futebol foi sobre a Multidisciplinaridade no Futebol – “Os diversos fatores que levam uma equipe à vitória”. Compondo a mesa estavam Carlos Leiria (treinador da equipe sub-20 do SC Internacional), Maurício Torrada (Psicólogo), Renan Mobarack (ex-diretor de futebol do S.C. São Paulo), Fabiano Minasi (fisioterapeuta) e Taimar Marinho (educador físico e fisiologista).

Mesa debatedora de Multidisciplinaridade. (Foto: Lucas Martins)

A primeira pergunta foi sobre a função da especialidade de cada componente da mesa numa equipe de futebol. Carlos Leiria iniciou falando que o gestor serve para mediar todos os setores do clube: “Damos méritos a jogadores por metas alcançadas, organizamos o departamento de reabilitação para que o mesmo seja antecipado, etc”. Taimar começa dizendo que é participante assíduo dos debates na rede social. Ele crê que “o conceito que envolve o futebol vai além da multidisciplinaridade, que fragmentou o conhecimento do futebol”. Citando um artigo do autor Medina, usa o termo ‘transdisciplinaridade’ e continua: “Os problemas do futebol vão além dos erros em campo”. Concluindo, relata que a fisiologia subsidia a comissão técnica com avaliações gerais para contribuir no treinamento como um todo. Falando em pioneirismo, Fabiano diz que foi criado em times grandes e por isso defende a tese de “trazer o fisioterapeuta para a equipe e não terceirizar o serviço”. Maurício também usa o pioneirismo, enfatizando a necessidade do profissional “mergulhar na cultura do futebol”. Segundo ele, todos precisam amar o que fazer: “São três pontos importantes que formam o ‘CHA’ da competência: ter conhecimento; ter habilidade; e ter atitude”.

Pulando para a quarta pergunta, ela focou na influência da especialidade do profissional nos resultados em campo. Carlos iniciou tratando a relação como profissional: “À nível diretoria deve-se ter cuidado, pois a emoção, por certas vezes, fala mais alto que a razão, causando cobrança”. Conclui dizendo que o resultado vem através da aplicação do trabalho. Maurício diz saber a maneira com que pode contribuir, mantendo os erros longes, através do planejamento: “Só sentimos medo em dois dias do nosso ano: o ontem e o amanhã. Por isso, o atleta de ‘hoje’ tem mais possibilidade de sucesso”. Fala em confiança e cita um ditado popular: “No futebol é assim: 11 gostam, 7 toleram e os outros detestam.”  – referindo-se aos titulares, reservas e não-listados para o jogo, respectivamente. Fabiano aproveita seu momento para explicar o ciclo de tratamento de uma lesão, respondendo à pergunta. Taimar cita a vaidade, falando em sociedade. Na parte técnica, dá ênfase ao trabalho com bola pós-lesão, com o atleta na função de “coringa”. O ponto forte de sua fala foi um plano de treino preventivo à lesões feito diariamente com a divisão de jogadores por dia: “Rotina de 10 atletas/dia, chegando mais cedo para fazer trabalhos físicos com o fisioterapeuta”. Ainda sobre o plano, Taimar diz que aplicou-o no Brasil/FAR, tenho apenas uma lesão muscular durante a série A2 do Gauchão. Finalizando, afirma: “São dois erros do futebol: a vaidade e o medo”.

Momento de carinho entre os debatedores na entrega do certificado do evento. (Foto: Lucas Martins)

Marketing

O último debate do segundo dia, e também do 1º Fórum Gaúcho de Futebol por completo, foi sobre Marketing e Comunicação – “Futebol espetáculo”. Estrelado por grandes nomes da comunicação, rendeu longas discussões sobre assuntos do gênero e opiniões variadas para prender a atenção do público. Na mesa, estavam, mediados por Guilherme Rajão, os jornalistas Jota Finkler, Rafael Diverio e Jeremias Wernek. Perguntados sobre a importância da assessoria de imprensa nos clubes e a relação das mesmas com a torcida e imprensa em geral, foram concretos em suas respostas e passaram informações de primeira mão para quem fico até mais tarde no Centro de Convivência Meninos do Mar. As boas histórias e a participação do público também tiveram lugar durante a apresentação, sendo este saudado ao término do debate.

E nesta quinta-feira, você acompanha tudo do debate sobre “Futebol na Escola” uma entrevista exclusiva da Interior Mais Forte com o professor Paulo Patela.

Lucas dos Santos Martins
Graduando em Jornalismo
Universidade Federal de Pelotas

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